Uma história é a narração de um fato ocorrido com alguém.
Este alguém é o personagem. O Manicomics publicava histórias de vários tipos,
em algumas delas o foco era a história em si e os personagens serviam apenas
para estas narrativas, algumas com inspirações em causos, contos ou vida real.
Aqui vamos explorar os personagens "de linha", ou seja, aqueles
personagens que viviam muitas histórias, apareciam em várias edições e, por
isso mesmo, ficavam na memória e coração dos leitores.
Apache, o
macaco-índio (de Edicarlos): Era uma vez um macaquinho travesso e boa praça
que usava uma capa e um capuz porque queria ser super-herói. Com HQs e tiras
nonsense, Apache invariavelmente entra em enrascadas graças a seu amigo o
Coelho Maluco.
Bezerro Bizarro (Lene
Chaves): A exemplo dos desenhos animados de animais da Hanna-Barbera, cada
aventura do Bezerro Bizarro é explora uma determinada situação sem conexão
cronológica com aventuras anteriores nem posteriores. As ações do personagem,
risonho e alegre, misturam de infantilidade e insanidade compondo um diálogo
extremamente divertido em sua parceria com o Castor Castro, que poderia ser
visto como um "escada" ideal para as peraltices do Bezerro Bizarro mostradas
nas HQs.

Cronium (Geraldo
Borges): Tony Barreto durante uma excursão
cai acidentalmente num tonel de um produto químico desconhecido e
torna-se invulnerável. Trajando uma roupa especial ele combate os Democlocks
(criaturas metade monstro, metade robô) que aparecem misteriosamente causando
pânico e destruição. Outros inimigos frequentes de Cronium são "os caras
do projeto" misteriosos soldados equipados com armas de alta tecnologia
que surgem e desaparecem misteriosamente. Ronaldo Mendes desenhou algumas aventuras do Herói Invulnerável com textos de JJ Marreiro. Uma curiosidade é que originalmente o personagem chamava-se Steel Man.
Cumpade Zé &
Cumpade Mané (Daniel Brandão): Moradores de alguma cidade qualquer de um
interior qualquer, essa dupla de caipiras tece reflexões e críticas indo dos
temas mais banais aos mais profundos com um humor muito leve e solto. O Cumpade
Zé expressa um olhar mais sábio enquanto o Cumpade Mané manifesta uma clara
displicência intelectual.
Exosec (Asteca
& Sergio Otomo): Dotado de uma armadura e equipamentos de alta tecnologia,
o personagem é um reflexo da influência do gênero tokusatsu com referência a personagens como Kamen
Rider e Esquadrão Winspector. No aspecto visual é possível ver algo de Homem-Aranha
e Homem de Ferro embora isto não pareça proposital. O personagem foi originalmente criado para uma
mega-saga de centenas de páginas infelizmente o Brasil não é terreno fértil para este tipo de produção, principalmente no meio alternativo.
Kário (Jean
Okada): Um peregrino com uma percepção apurada que vai além do mundo material. Situado num ambiente de fantasia que remete às civilizações pré-colombianas,
Kário propõe uma jornada que une simplicidade e profundidade.
Lucy & Sky
(JJ Marreiro): Duas criançinhas em constante questionamento sobre o mundo que
as cerca. Lucy é ativa, crítica, intelectual e engajada; Sky é ingênuo e
desligado.
Monga (Cristiano
Lopez): Um andarilho que apronta muitas confusões em um mundo repleto de
bárbaros feiticeiros e dragões. As influencias de Sérgio Aragonés são patentes, mas com um olhar um pouco mais clínico se percebe a influencia de John Buscema e seu Conan, entretanto sob a ótica do humor.
Mulher-Estupenda
(JJ Marreiro): Uma super-heroína nos moldes clássicos cujas aventuras se passam
nos anos 40 até início dos 60. Com a ajuda do parceiro mirim Rapaz Assombroso
ou em aventuras solo, a Estonteante Mulher-Estupenda enfrenta cientistas
malucos, gângsteres, robôs gigantes e malfeitores encapuzados sempre voltando
para casa ao fim do dia para tornar-se a pacata professora do primário Carol
Rosas. A personagem estreou em 1998, numa publicação própria, com um traço mais cartunizado, no Manicomics as aventuras passaram a ser desenhadas referenciando o traço dos artistas da Era de Ouro.
Noite (Daniel
Brandão): Durante seu primeiro período na Oficina de Quadrinhos da UFC , por
volta de 1995, o Quadrinhista Daniel Brandão recebeu o desafio de escrever uma
HQ de uma página com personagem próprio. Para cumprir a missão o artista lançou
mão da criatividade e apresentou um guerreiro urbano obcecado por justiça, mas
constantemente atacado por flashes de um passado perturbador. Graficamente as
aventuras iniciais do noite já apresentavam temas mais maduros e refletiam o
modo como o próprio herói via o mundo: sem meios tons.
Rato do Prédio (Alexandre
Vidal also know as Falex): Em sketchtown os personagens são explorados e
oprimidos por uma grande corporação que lucra milhões às custas de uma
exploração cruel e desumana. Todos sofrem resignadamente até que um cartum, o
Rato do Prédio, ergue-se contra o sistema. Apesar de trata-se de um Rato, o
personagem de Falex foi inspirado num cachorro do autor. Outra curiosidade é
que o vilão é homônimo do criador da série Falex.

Red Roger Chilli Peppers
(Denilson Abano): Um dos primeiros, senão o primeiro personagem de quadrinhos e
tiras assumidamente Nerd de cultura pop. Red é um garoto de inteligência
privilegiada que, de tão mergulhado no universo da ficção, não consegue se
relacionar normalmente com ninguém, exceto talvez com seu amiguinho Anderson
Lauro, outro personagem de Denilson Albano que acabou ganhando tira própria,
álbuns e até um fã clube.
SIL (Edvan Bezerra): Treinada por um poderoso mago, aprendeu desde cedo a usar seus dons para combater as forças do mal protegendo esta dimensão de destruidoras criaturas errantes.
Zohrn (JJ
Marreiro): Publicado originalmente em 1994 no Pergaminho (primeiro fanzine de
RPG do Brasil segundo a Revista Dragon Magazine), o personagem surgiu nas mesas
de RPG e foi ganhando mais dimensão e personalidade com o tempo. O Elfo Ranger
(para alguns um Elfo Bárbaro) peregrina a procura de aventuras e perigos que
possam ser rentáveis. Suas aventuras são auto-contidas e algumas vezes suas missões são compartilhadas com a maga Lenka ou a elfa guerreira Pandora, que parecem cientes
dos segredos obscuros do passado do Elfão Pouco-Tato. Balanceado aventura e
humor Zohrn aprasenta uma interpretação da figura dos Elfos alternativa à
elegância, sobriedade e sofisticação dos famosos elfos de J.R.R. Tolkien.